




Métodos das ciências humanas e sociais destinado à investigação de fenômenos simbólicos por meio de várias técnicas de pesquisa. Trabalha tradicionalmente com materiais textuais escritos.
Cumpri os requisitos de sistematicidade e confiabilidade
Histórico
Utilizado desde o século XVIII
Adoção XX
Consolidou-se nos EUA, na primeira Metade do século XX
Descritivo – Inferência
Oscila entre o aspecto qualitativo e quantitativo.
Perfil
Características:
Orientação fundamental empírica, exploratória, vinculada a fenômenos reais e de finalidade preditiva.
Transcendência das noções normais de conteúdo, envolvendo as idéias de mensagem, canal, comunicação e sistema.
Metodologia própria, que permite ao investigador programar, comunicar e avaliar criticamente um projeto de pesquisa com independência de resultados.
Marcos de Referências
Os dados, tais como se apresentam ao analista
O contexto dos dados
O conhecimento do pesquisador
O objetivo da análise de conteúdo
A Inferência como tarefa intelectual básica
A validade como critério de sucesso
Método
Organização da análise
A codificação
A categorização
A inferência
O tratamento informático
Organização da análise
Corpus
É a definição do conjunto de documentos que vão ser analisados.
Para a constituição de corpus temos alguma regras:
Regra da exaustividade
Regra da representatividade
Regra da homogeneidade
Regra de pertinência
Codificação
A escolha das unidades de registro e de contexto
A escolha das regras de enumeração
A codificação na prática
A categorização
Inferência: Específicas e Gerais
Tratamento informático
Técnicas
Análise Categorial: Desmembramento do texto em unidades, em categorias
Análise de avaliação: medir as atitudes do locutor quanto aos objetivos que ele fala
Análise de enunciação: considera a produção da palavra como um processo.
Análise da expressão: considera traços pessoais, o estado do locutor e suas reações. É utilizada para investigação da autenticidade de um documento.
Análise de contingência: denominada de análise associativa, considera o que um conjunto de assunto constrói, podendo ser, uma determinada mensagem, gênero.
Análise estrutural: parte do pressuposto de que todo o texto é uma realidade estruturada.
Análise do discurso: Procura estabelecer ligação entre as condições de produção do discurso e sua estrutura.
Os acadêmicos Fabiane Moraes, Graciely Guesser, Joice Daiana Leite, Juliano Cerutti, Karin Bendheim e Talita Catie de Medeiros montaram um teatro sobre Grupo Focal.
Segue abaixo o diálogo:
JOICE- Olá, no curso de formação de hoje vamos discutir sobre “Grupo Focal”. Em específico o assunto “como planejar um roteiro de entrevista”. Vocês podem ficar a vontade para fazer qualquer pergunta. E algo muito importante para o inicio do roteiro de entrevista é saber qual o objetivo da entrevista.
TALITA- Depois que tenho o objetivo da minha entrevista, como elaboro minhas questões?
JOICE- As questões não podem ser longas e complexas. Devem ser fácies de compreender oralmente.
FABI -Qual outro cuidado que devemos ter na hora de elaborar o roteiro?
JOICE- Evitar questões que requerem respostas de uma ou duas palavras.
GRACI- E quantas questões podem ter meu roteiro?
JOICE- Até 12 questões.
JU- Qual é a ordem dessas questões?
JOICE- As questões devem estar das mais gerais para as mais específicas e de acordo com a importância relativa à agenda da pesquisa.
KAREN - Então deve-se ter uma flexibilidade na ordem das perguntas?
JOICE – Sim, não só na ordem mas também para introduzir novos temas e isso vai de acordo com a fala dos participantes.
TALITA- Agora sim, posso começar o roteiro da minha entrevista.
JOICE- Então até o próximo curso de formação. Bom roteiro para todos.
Entrevista em profundidade
A entrevista em profundidade é uma técnica utilizada para obter informações em diversas áreas. Trata-se de uma técnica qualitativa que visa explorar um assunto a partir da procura por informações, percepções e experiências dos informantes para analisá-las e apresentá-las de forma estruturada. Um ponto forte deste modelo é a flexibilidade que a fonte tem para definir os termos da resposta e o entrevistador pode ajustar as suas perguntas livremente.
Desta forma as perguntas permitem a profunda exploração dos assuntos abordados e também pode identificar as maneiras de se perceber e descrever os fenômenos. Este modelo é muito utilizado em pesquisas de comunicação interna, comportamental, organizacional, levantamentos históricos e processos jornalísticos.
Mas esta técnica de obtenção de informações não permite criar estatísticas. Ela tem como finalidade saber como os assuntos são percebidos pelos entrevistados. Assim essa entrevista é muito dinâmica e útil para compreensão da realidade tanto em questões relacionadas ao intimo do entrevistado como dos processos complexos nos quais ele esteve envolvido.
Para efetuar a entrevista é preciso decidir qual modelo será usado. Existe o modelo descritivo, que busca mapear uma situação, descrever e focar determinado contexto. As entrevistas em profundidade são geralmente individuais, embora seja possível entrevistar duas fontes juntas.
Outro modelo de entrevista é o tipo aberta, que é exploratória e flexível, e não tem sequência predeterminada de questões. Há também o tipo semi-aberto. Neste caso a entrevista tem um roteiro de questões guia, servindo para dar cobertura ao interesse da pesquisa. É um roteiro com poucas questões, mas amplas o bastante para serem discutidas em profundidade. Por fim tem o tipo fechado, realizado com um questionário estruturado e perguntas iguais a todos os entrevistados, possibilitando estabelecer comparação entre as respostas obtidas.
A entrevista em profundidade exige adequada formulação dos procedimentos metodológicos e confiança nos resultados. Não basta ouvir fontes e fazer um relato para considerar realizada uma pesquisa válida e confiável. A condição de validade está ligada a capacidade dos instrumentos e sua utilização. Este julgamento é obtido pela construção metodológica do trabalho - formulação teórica, questão de pesquisa, perguntas, critérios de seleção dos entrevistados.
A confiabilidade da entrevista está em garantir que o resultado seja o mesmo caso se repitam os procedimentos. A obtenção da confiabilidade é baseada na descrição detalhada dos procedimentos das entrevistas e no uso fundamentado das respostas.
A validade e a confiabilidade na técnica de entrevistas em profundidade dizem respeito a três questões: seleção de informações capazes de responder à questão de pesquisa, uso de procedimentos que garantam a obtenção de respostas confiáveis, e descrição dos resultados que articule consistentemente as informações obtidas com o conhecimento teórico disponível.
Uma boa pesquisa está ligada diretamente com a boa escolha das fontes. Estas devem estar dispostas a falar, ter envolvimento com o assunto, tempo e também precisam ser confiáveis e dar informações relevantes. A seleção de informantes envolve a qualidade da fonte e não a quantidade de entrevistados. As fontes são escolhidas de maneira não probabilística, ou seja, são escolhidas “a dedo” pelo entrevistador.
As amostras não probabilísticas em pesquisas qualitativas podem ser por conveniência, baseada na viabilidade, ou seja, as fontes são selecionadas por proximidade ou disponibilidade; ou por seleção intencional, a seleção se faz por juízo particular, como conhecimento do tema ou representatividade subjetiva.
Há cinco tipos de informantes para entrevistas em profundidade: a) especialista: tem conhecimento ou experiência no assunto; b) informante-chave: fontes de informação imprescindíveis; c) informante-padrão: fonte envolvida com o tema de pesquisa; d) informante complementar: fontes informais; e) informante-extremista: fontes com informações geralmente tendenciosas.
Existem três modelos de entrevista: o fraco (em que o entrevistador é receptor passivo das informações oferecidas pela fonte), forte (o entrevistado está propenso a dar informações falsas ou questionáveis) e o neutro (entrevistador é um transmissor de estímulos positivos, buscando impessoalidade e equilíbrio na relação). O modelo forte pode ser encontrado em entrevistas do tipo interrogatório e em algumas jornalísticas. Já o modelo neutro é o mais desejável em entrevistas de comunicação.
Dicas de entrevista
Antes da entrevista o informante deve ser estimulado a escolher o local e horário. O pesquisador precisa planejar a sequencia das entrevistas e escolher uma fonte conhecida para realizar a primeira. Há casos em que o pesquisador pode influenciar o entrevistado involuntariamente, provocando distorções nas respostas. É fundamental identificar e minimizar estes fatores. Uma dica para o início da entrevista é começar perguntando os dados básicos do entrevistado. Propicie um ambiente de naturalidade e faça uma apresentação informal sobre o objetivo do trabalho. Geralmente a primeira pergunta costuma ser mais abrangente.
Na hora das perguntas o entrevistador deve deixar o informante à vontade, para estimulá-lo a fazer o relato de como percebe o assunto. Respeite o entrevistado e desperte a sua confiança. Em alguns casos o entrevistador pode apresentar questionamentos com o intuito de estimular a reflexão do informante.
Além das respostas observe o comportamento do entrevistado (movimentos, ênfases, gestos) que ajudam a complementar as informações. Verifique a consistência da argumentação da fonte. Veja discretamente se a fita está gravando mesmo. Identifique e registre possíveis fontes na entrevista. Evite buscar e valorizar apenas informações que confirme seus pressupostos. Vale deixar para o final as perguntas mais sensíveis ou complexas. Uma entrevista em profundidade pode durar mais de 30 minutos sem aborrecer o entrevistado. Dê indicações de que está terminando a entrevista e pergunte se há algo a complementar.
Se necessário realize mais entrevistas com a fonte e entreviste o máximo de pessoas que possam ajudar. Cruze os dados com a literatura, exercite a reflexão e a crítica, busque detalhes adicionais que fazem toda a diferença. Evite resumir a transcrição de entrevistas. Quanto mais detalhada mais chance de aspectos importantes serem identificados. Por isso a importância dos instrumentos de coleta.
As anotações permitem registrar o comportamento e ambiente, mas limitam o detalhamento e podem interromper a fluência e distrair o entrevistado. Elas exigem maior habilidade e domínio prévio por parte do entrevistador. Já a gravação possibilita o registro literal e integral. Convém transcrever com rapidez para aproveitar melhor o conteúdo, pois o ambiente e as respostas estão mais vivos.
A entrevista por telefone tem a vantagem da agilidade e de permitir o acesso a pessoas distantes. Pode ser gravada, interrompida ou retomada conforme a conveniência. A Internet é a forma mais fácil de perguntar e mais difícil de obter respostas. Pesquisadores iniciantes tendem a imaginar que é uma prática, mas rapidamente se decepcionam com os resultados. Ela geralmente não permite à discussão e o aprofundamento natural essenciais na entrevista em profundidade. Descrição e análise dos resultados
Quando o pesquisador vai descrever e analisar as informações colhidas nas entrevistas, assume a posse dos dados com o objetivo de conduzir o leitor. É uma forma de dialogar com o papel, organizar as próprias reflexões. De acordo com Berger, as entrevistas em profundidade geram uma quantidade enorme de material, por isso é difícil organizar. O ideal é sistematizar os resultados assim que já tiver material suficiente para começar. Quando existe um quarto das entrevistas é o momento certo, pois irão surgir detalhes e novas ideias.
Analisar significa separar o todo em partes e examinar o motivo. Sendo assim, o correto é dividir o relatório em categorias e não por unidade. Em uma empresa de comunicação, por exemplo, poderíamos dividir em dificuldades, relacionamento com assessorados, relacionamento com a mídia.
As categorias são estruturas analíticas construídas pelo pesquisador que reúnem e organizam o conjunto de informações obtidas a partir da divisão e classificação dos temas. Cada categoria aborda determinado conjuntos de respostas dos entrevistados, sempre com base na teoria.
O critério principal é que tenha coerência e permitam a inclusão de todos os elementos. As categorias no caso de entrevistas abertas são identificadas ao longo da pesquisa. Nas entrevistas semi-abertas, elas têm origem no marco teórico e são consolidadas no roteiro de perguntas semi-estruturadas.
Para facilitar a redação e a compreensão é útil fazer uma introdução em cada categoria, explicando o que será tratado e, ao final, fazer uma conclusão. Dicas na hora de transpor as informações
A descrição interpretativa deve ser suportada por argumentos e evidências baseadas nas diversas fontes de informações consultadas pelo pesquisador. Verifique a consistência da argumentação e das informações obtidas durante as entrevistas. As respostas devem ser contextualizadas, avaliadas e comparadas.
A entrevista é sempre uma discussão subjetiva, mas é importante tentar separar informação objetiva, de interpretação e análise. É interessante utilizar trechos das entrevistas, destacando trechos de livros, que reforcem e exemplifiquem o trecho em questão. Não é necessário identificar as fontes na descrição e análise, embora seja conveniente fazer a relação no anexo ou no capítulo de procedimentos metodológicos.
Em entrevistas em profundidade, a riqueza das respostas é desejável e não apenas esperada. Cada respondente apresenta uma visão. O pesquisador pode, depois da transcrição da fita, mostrar o resultado ao entrevistado. Geralmente nestes momentos é possível obter alguma correção, detalhes adicionais. È possível também mostrar o relatório a pessoas conhecedoras do assunto. Mas, deve-se ter certeza que vai haver apenas leitura crítica e não tentativa de influencia o resultado.
Soneto: Entrevista em Profundidade
Óh, entrevista em profundidade
És a mais bela técnica qualitativa
Em você podemos perceber a confiabilidade e a validade
Eu sou informante e quero escolher o local e o horário
Deixe-me à vontade, respeite-me, não me deixe irritada
Anote o meu comportamento, o ambiente, converse comigo, esqueça o calendário
Por telefone é mais ágil, a entrevista pode ser gravada
Pesquisador, sistematize os resultados
Não se esqueça da coerência
Faça sempre uma introdução
Não é necessário identificar as fontes dos dados
Mostre o relatório às pessoas que com o assunto têm convivência
E ao final, faça uma conclusão!