quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Resumo - Grupo Focal

Origem.
*O grupo focal teve sua origem nas ciências sócias em meados de 1941, por meio de Paul Lazarsfeld e Robert Merton, que é considerado o pai do método de pesquisa.
O grupo focal é um método de pesquisa qualitativa. Que tem como método o uso de moderador que guia grupos de discussões por temas diversos a fim de compreender a visão dos entrevistados sobre o tema.
Os grupos a serem utilizados são formados por pessoas com características semelhantes que, ao longo da entrevista, são incentivados a discutirem a partir de temas escolhidos pelo entrevistador.
O papel do entrevistador é de suma importância dentro do grupo focal, é ele que guiará o grupo fazendo com que não haja dispersão do tema e a participação de todos os membros do grupo.

Conceitos
*O uso desse método não é restrito a apenas uma etapa da pesquisa, ela pode ser utilizada em todas as etapas de uma investigação. Há quatro momentos em que a sua utilização acontece.
*Na identificação do problema: Buscando definir o objetivo da pesquisa .
*No planejamento : Descobrindo os passos para alcançar os objetivos traçados.
*Na implementação do objetivo: Ajustando os passos para que não seja necessário esperar por uma falha para corrigi-la.
*Na implementação: Entender o que aconteceu com o projeto e ver os resultados.
Sendo essas fases aplicáveis em várias áreas do conhecimento, utilizando-a em diversas etapas de um projeto e complementando pesquisas quantitativas.
*O Grupo Focal é muito recomendado quando se quer ouvir as pessoas, explorar temas de interesse em que a troca de impressão enrique o produto esperado. Entre outras vantagens estão:
Baixo custo
Resultados rápidos
O formato flexível permite que o moderador explore perguntas não previstas
Ambiente de grupo minimiza opiniões falsas ou extremadas, proporcionando o equilíbrio e a fidedignidade dos dados.
Em contrapartida, os grupos focais não atendem a necessidades de dados estatísticos, não fornecem informações previsíveis. Podendo apresentar as seguintes fraquezas:
É susceptível ao viés do ponto de vista do moderador.
As discussões podem ser desviadas ou dominadas por algum participante.
As informações podem trazer dificuldades para análise e generalizações. Neste sentido devem ser interpretadas no contexto do grupo e complementadas com dados coletados através de outros instrumentos.
Para a elaboração de um roteiro de entrevistas, o primeiro item deve ser o objetivo, o foco da dinâmica da pesquisa. Este tipo de pesquisa costuma obter tipos específicos de informação a partir de depoimentos de um grupo de indivíduos claramente definidos. Um dos objetivos de um grupo focal é estimular a discussão dentro do grupo. Por isso devem ser evitadas questões que provocam respostas do tipo sim ou não, ou respostas que só tenham uma ou duas palavras e também questões longas e complexas que são difíceis de compreender.
O moderador deve ter um roteiro para se guiar durante a entrevista, e os observadores devem ter uma cópia do mesmo. O roteiro deve ter uma ou duas páginas e não precisa necessariamente ser seguido passo a passo. Pois há ocasiões em que os participantes respondem com uma pergunta, duas ou três questões programadas para mais adiante. Cabe ao moderador flexibilizar o roteiro para atender o movimento do grupo. E ter flexibilidade para mudar as perguntas, os temas propostos no roteiro e até mesmo para introduzir novos temas, de acordo com os participantes. Por isso o moderador deve estar sempre atento para aproveitar as falas dos próprios participantes para mudar de assunto.

Princípios gerais da elaboração do roteiro
Evite questões longas, complexas, com diversas partes;
Evite questões que requerem respostas de uma ou duas palavras;
As questões devem ser ordenadas das mais gerais para as mais especificas;
As questões devem ser ordenadas de acordo com a importância relativa à agenda da pesquisa.
Mesmo com a liberdade que se tem para ao formular o conteúdo e a seqüência das perguntas, deve-se cuidar com a relação e ordem delas.
A pesquisa em geral deve ter 12 perguntas, pois grupos homogêneos podem passar mais rapidamente pelas questões e heterogêneos podem trabalhar mais sobre um número pequeno de questões.
O roteiro de perguntas deve ter um ritmo que começa com perguntas amplas, divergentes, desestruturadas; na metade do roteiro perguntas focais, convergentes e estruturadas; e perguntas genéricas, amplas, na finalização do roteiro.
Questões desestruturadas são as que permitem aos entrevistados se referir a qualquer aspecto dos estímulos apresentados na questão. Ex: Como você se sente? / Quem você levaria para uma ilha deserta?
Questões estruturadas são aquelas que prevêem informação sobre aspectos ou dimensões do objeto de estimulo no qual quem responde deve estar focado. Ex: Como você se sente em relação à segurança do automóvel X? / Quais os pontos fortes do curso?
As questões mais estruturadas devem ser reservadas para a metade do roteiro, quando o tema já foi abordado de forma mais tangencial ou genérica e permitiu a observação das respostas.
O público alvo de um grupo focal é definido de acordo com a necessidade do pesquisador. Por exemplo, usuários e não usuários de um programa, ou usuários de níveis educacionais distintos.
Para evitar constrangimentos o grupo deve ter nível socioeconômico e acadêmico semelhante, não se recomenda também a inclusão da chefia e subordinado no mesmo grupo.
O moderador é aquele que conduz a reunião e atua como facilitador da conversa. Um bom moderador é aquele que não induz ás respostas aos participantes e consegue fazer com que a maioria dos participantes participe ativamente da conversa e interaja com os outros membros do grupo. O moderador deve ter conhecimento geral do tema que vai ser alvo da pesquisa, noção dos principais conceitos e clareza dos objetivos.
O moderador deve manter o nível de envolvimento controlado, proporcionando um clima de informalidade e descontração. Deve administrar o tempo necessário para cada questão. O moderador deve estimular os participantes a interagir.
Um aspecto a ser ressaltado são temas que podem ser constrangedores aos participantes, quando relatam sua própria experiência. Assim é permitido perguntar como acha que os vizinhos ou amigos percebem tal situação. Um exemplo típico são os Grupos Focais com adolescentes, cuja temática esteja ligada a vida sexual ou a hábitos de bebida. Neste caso para evitar respostas socialmente corretas e não verdadeiras é melhor fazer a pergunta e pedir que a pessoa fale sobre a experiência ou opinião dos amigos ou pessoas conhecidas.
O documentador é aquele que anota tudo o que observa. A sua função é facilitar a analise dos dados, seja no auxilio à transcrição, seja no preenchimento da planilha. Deve registrar os comentários verbais e não verbais, identificando os que respondem por números ou letras e não pelo nome.

Realização da Reunião

É importante que o local onde a reunião irá acontecer seja neutro e silencioso para não interferir nas respostas dos participantes. Enfoque o objetivo do encontro e que todas as informações são confidenciais, os nomes verdadeiros serão substituídos por números.
A ficha de registro das respostas deve conter apenas o número como forma de identificação. Tenha o participante sempre à sua frente, e a melhor maneira é que a reunião seja realizada em círculo.
Apresentação e Introdução Iniciem a reunião com boas-vindas, agradecendo a presença de todos, expondo os objetivos do grupo focal. Fale sobre as técnicas, que não existem respostas certas ou erradas, reforce a importância da participação de todos; duração e que ao final será servido um lanche.
Puchta (2004) faz referência à produção de opiniões como resultado de um grupo focal e afirma que essas opiniões são cunhadas pelo seguinte acróstico POBA.
P – perceptions O – opinions B – beliefs A – attitudes
Análise das Respostas
Os grupos focais permitem análisar não somente o resultado de uma sequência de respostas, mas também ter a percepção de opiniões, crenças e atitudes dos entrevistados. Uma empresa de Limpeza e Conservação fez uma pesquisa de grupo focal após inserir os funcionários em um projeto piloto no treinamento de informática. Mesmo sabendo que o treinamento nada tinha a ver com os respectivos postos de trabalhos o intuito da pesquisa era saber se a experiência foi válida.
Dessa maneira as respostas fugiram do tradicional, as pessoas se sentiram mais a vontade para debater a questão e ás vezes complementando a fala do outro. A partir das respostas observou-se um impacto muito rico sobre o cunho comportamental e de auto-estima.
Uma forma de classificar o material coletado é a transcrição literal do texto, incluindo verbal e não verbal e eventuais erros gramaticais e categorizar em respostas espontâneas (que reflete a percepção do participante), respostas socialmente aceitas (refletem a pressão do grupo e a conformidade), e as repostas pistas, que precisam possivelmente a realização de mais grupos focais para analisar o inconsciente do simbólico do grupo
Aspectos éticos
Na questão da ética, a privacidade é a parte mais importante. Todos os dados pessoais dos participantes que não são de importância ao cliente do grupo Focal deve ser resguardada. Os limites da confiabilidade devem ser estabelecidas já no momento do planejamento, como também a presença do cliente na sala de observação e os dados dos participantes não poderão ser expostos entre os próprios participantes.
Recomendação e tendências.
O Grupo Focal é uma metodologia qualitativa, capaz de propiciar inúmeras informações sobre o tema estudado. Portanto tem de haver uma preocupação na hora de montar um bom roteiro e também na seleção dos participantes. A discussão das entrevistas é particularmente necessária, discussão sobre os participantes, roteiro e abordagem do mediador é essencial para a melhora do processo. É muito importante, e se faz necessário, uma reunião pós entrevista.
Segundo Puchta (2004) os Grupos Focais divergem dos questionários habituais pela sua liberdade. Porém essa liberdade há de ser vigiada. Deve haver liberdade na condução para que as respostas sejam as mais espontâneas possíveis, Liberdade na analise, permitindo identificar pistas e uma variedade de pontos de vistas.
O que tornam a ferramenta do Grupo Focal algo tão valioso para quem deseja ouvir, perceber, e compreender as experiências e crenças dos participantes, é uma preparação bem feita por parte dos profissionais, assim como a documentação nas mais diversas áreas.

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