quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Análise de Conteúdo

O quadro “As férias de Hegel”, pintado por Magritte, em 1958, apresenta-se como uma metáfora que conduz a teoria do conhecimento. Sobre o quadro diz o artista: “Pensava que Hegel teria sido sensível a este objeto que tem duas funções opostas: ao mesmo tempo, não admitir água (repeli-la) e admiti-la (contê-la). A imagem do guarda-chuva tem sido usada como metáfora para referir-se às diferentes áreas, subáreas e linhas de pesquisa em diversas agências de fomento à pesquisa, como o próprio CNPq.



ANÁLISE DE CONTEÚDO

Análise de Conteúdo, uma vez que, por intermédiodessa característica, afirma-se a possibilidade de ultrapassar as “aparências”, os níveis mais superficiais do texto, residindo nesseprocesso de descoberta a desconfiança em relação aos planossubjetivo e ideológico, considerados elementos de deturpaçãoda técnica. (Décio Rocha;Bruno Deusdará)


DEFINIÇÃO

A análise de conteúdo é considerada uma técnica para o tratamento de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema (Vergara, 2005, p. 15) Sylvia Constant Vergara é doutora em Educação e professora titular da Fundação Getúlio Vargas - RJA análise de conteúdo segundo a conhecida definição de Berelson, é “uma técnica de investigação para a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação” (Berelson, 1952).


História

“O método da"análise de conteúdo" foi utilizado no século 19 nas universidades de jornalismo dos Estados Unidos, mas foi na Alemanha o seu auge. Para obter informações confiáveis durante o holocausto, usou-se a "análise de conteúdo" que se resume, em apertada síntese, ao seguinte: escolhe-se um texto e conta-se a freqüência de um ou mais dados ou temas e analisa-se a associação entre estes e as suas variâncias, daí extraindo – ou tentando extrair – a noticia com alguma fidedignidade” Jornalismo, ética e análise de conteúdo/Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 8/9/2009 Surgiu ainda na Idade Média, com os estudos da Escolástica medieval, aplicados à exegese bíblica. Isto é, os primeiros estudos de interpretação do sentido dos textos bíblicos. Posteriormente, passou a ser utilizada também pelos hermeneutas, no campo da literatura, com a hermenêutica literária, a qual tinha como objetivo realizar interpretações de textos literários. (CHIZOTTI, 1991, p. 98) A análise de conteúdo trabalha tradicionalmente com materiais textuais escritos (...). Há dois tipos de textos: textos que são construídos no processo de pesquisa, tais como transcrições de entrevista e protocolos de observação; textos que já foram produzidos para outra finalidade quaisquer, como jornais ou memorandos de corporações.Criada inicialmente como uma técnica de pesquisa com vistas a uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa de comunicações em jornais, revistas, filmes, emissoras de rádio e televisão, hoje é cada vez mais empregada para análise de material qualitativo obtido através de entrevistas de pesquisa (Machado, 1991, p. 53). Minayo (2003, p. 74)

A análise de conteúdo visa verificar hipóteses e ou descobrir o que está por trás de cada conteúdo manifesto. “(...) o que está escrito, falado, mapeado, figurativamente desenhado e/ou simbolicamente explicitado sempre será o ponto de partida para a identificação do conteúdo manifesto (seja ele explícito e/ou latente).Qualidades da Análise de conteúdo Objetiva: a análise de seguir de acordo com as normas pré-estabelecidas Sistemática: o conteúdo deve ser ordenado e integrado de acordo com as categoriasQuantitativa: Calcular freqüência . Procura a exatidão (sistema sphinx)

Métodos de análise de conteúdo
Os métodos de AC foram propostos por Henry e Moscovici (1968), na qual distinguiam procedimentos fechados e procedimentos abertos ou exploratórios:
Os procedimentos fechados são aqueles que fazem intervir “categorias pré definidas” anteriormente à análise propriamente dita. A análise está associada a um quadro empírico ou teórico que se sustém e do qual se formulam as questões da entrevista. Depois se comparam os textos produzidos à luz do quadro fixado para se chegar a uma particularização.
Procedimentos Abertos ou Exploratórios = são aqueles que não fazem intervir “categorias pré definidas”, tendo por isso um caráter puramente exploratório.”… os resultados são devidos unicamente à metodologia de análise, estando isenta de qualquer referência a um quadro teórico pré-estabelecido” (Ghiglione & Matalon, 1997, [1977]:210). Fundamentos conceituaisO primeiro manual sobre analise de conteúdo foi elaborado por Berelson e Lazarsfeld em 1948. A partir daí os conceitos vêm sofrendo transformações. Perfil da analise de conteúdo Quando falamos dos métodos de pesquisa em comunicação de massa a analise de conteúdo ocupa-se com a analise de mensagens. Assim como a analise semiológica e a analise de discurso. Já a analise de conteúdo é a única que apresenta os recursos de sistematicidade e confiabilidade.Para Krippendorff, podemos destacar três características fundamentais da analise de conteúdo: a) Orientação fundamentalmente empírica, exploratória, vinculada a fenômenos reais e de finalidade preditiva. (zelar pelo bom funcionamento)b) Transcendência das noções normais de conteúdo envolvendo as idéias de mensagem, canal, comunicação e sistema. c) Metodologia própria, que permite ao investigador programar, comunicar e avaliar criticamente um projeto de pesquisa com independência de resultados.

Marcos de referência

Para Krippendorff, o pesquisador precisa considerar os seguintes marcos de referência na adoção da analise de conteúdo:

1) Os dados, tais como se apresentam ao analista. Os dados são os elementos da Analise de Conteúdo. É preciso deixar claro que dados estão sendo analisados, como foram definidos e de qual população foram extraídos.

2) O contexto dos dados. Um discurso ocorre em função de um contexto.

3) O argumento do pesquisador. Os interesses e conhecimentos dos pesquisadores determinam a construção do contexto que fará suas inferênças.

4) O objetivo da análise de conteúdo. É necessário enunciar, com clareza, a finalidade ou o objetivo das inferências.

5) A inferência como tarefa intelectual básica. Relacionar os dados obtidos com alguns aspectos do seu contexto.

6)A realidade como critério de sucesso. Estabelecer critérios para a validação dos resultados para que outras pessoas possam comprovar.

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