quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Escravidão Branca

Escravidão Branca

Com poucos recursos e ambiente de trabalho inadequado cada vez mais mulheres ligadas à área têxtil transformam-se em donas do próprio negócio. Para a operária da confecção de costura parece um sonho ter seu próprio empreendimento, entretanto este sonho pode transforma-se em um pesadelo. Com trabalho de doze a 14 horas diárias, ambientes insalubres, cadeiras inadequadas e pouca iluminação as facções de costura hoje lembram mais a revolução industrial do século XVIII e suas fábricas empoeiradas.
Com objetivo de minimizar os custos de produção diminuindo encargos trabalhistas as grandes confecções viram na terceirização uma possibilidade de facilitar seu processo de produção e repassar obrigações e responsabilidades a unidades produtivas de pequeno porte que são chamadas de facção de costura. As novas empresárias trabalham geralmente na informalidade, sem benefícios trabalhistas assegurados e precisam lidar com a instabilidade do mercado.
A expectativa em torno do faturamento e da lucratividade exige da faccionista muitas horas de trabalho. A atividade de costura requer movimentos repetitivos e a permanência prolongada de posturas sentadas e inadequadas o que são fatores determinantes para o aparecimento de doenças. O manuseio dos tecidos durante a costura faz desprender pó das peças, ocasionando problemas respiratórios e prolongadas horas sentadas à máquina ocasionam sérios problemas de circulação. A esta atividade submetem-se milhares de costureiras da região sul no Estado de Santa Catarina que absorveram um mercado de trabalho extremamente explorado pelas grandes confecções.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções - ABIT o Brasil é sexto maior produtor têxtil do mundo, e teve em 2007 faturamento em torno de US$ 34,6 bilhões (3,5% do PIB) na indústria têxtil e de confecções, um aumento de quase 5% em comparação ao ano anterior. As exportações correspondem a US$ 2,4 bilhões. As 30 mil empresas brasileiras do setor empregam cerca de 1,65 milhão de pessoas, o que as torna o segundo maior empregador da indústria de transformação. Somente no Estado de Santa Catarina operam 7.241 empresas da cadeia têxtil, empregando cerca de 280 mil trabalhadores.
Somente em Blumenau a categoria dos texteis é constituída por 65% de mulheres de acordo com dados do Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB. Os salários iniciais giram em torno de R$498,00 e podem chegar a R$552,00 depois de noventa dias. Um dos agravantes apontados em 2008 por ocasião da greve dos trabalhadores têxteis é o uso excessivo do antidepressivo fluoxetina.
A qualidade de vida das trabalhadoras da área têxtil tem sido discutida durante anos, entretanto as relações de trabalho e dependência financeira tem se estabelecido de diferentes formas o que leva as trabalhadoras a se submeterem a adversidades e contradições no mercado de trabalho.
MATOS, Juliane Oliveira. O Sentidos do Trabalho: A experiência de Facções de Costura da Indústria de Confecções no Ceará, 3 abr.2009. Disponível em: http://biblioteca.universia.net/ficha.do?id=42153459. Acesso em: 7 ago. 2009

GOMES, Wagner. Têxteis de Blumenau paralisam quinta empresa, 14 out. 2008. Disponível em: http://portalctb.org.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=2420. Acesso em: 7 de ago.2009

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