quinta-feira, 30 de julho de 2009

A Arte de Investigar

FORTES, Leandro. Jornalismo Investigativo. São Paulo: Contexto, 2005

Dá-se o nome de Jornalismo Investigativo (ou de Investigação), “à prática de reportagem especializada em desvendar mistérios e fatos ocultos do conhecimento público, especialmente crimes e casos de corrupção, que podem eventualmente virar noticia”(1).

O livro do jornalista e professor Leandro Fortes, Jornalismo Investigativo trata-se de como deve ser o relacionamento com as fontes? Qual a responsabilidade do jornalista com o leitor? Como levar em conta as bases éticas de uma atividade que tende a se misturar com uma mais próxima do trabalho policial do que, do jornalismo?

O livro tem uma linguagem formal, simples e de fácil entendimento. Outra característica importante da obra é que o autor traz dicas e sugestões para jornalistas melhorarem seus textos. Além é claro da divisão em fases, que ele faz para nos mostrar o que diferencia o jornalismo investigativo dos demais setores da atividade.
Achei a leitura válida. Mostra- nos as técnicas de como fazer uma reportagem investigativa, seja de jornal, rádio, TV ou internet. Como por exemplo: o tempo de duração, a pesquisa minuciosa de cada fato a paciência e concentração, Insistência e perseverança, o Conhecimento policial básico, a Discrição, a Lealdade ao Leitor, enfim várias outras técnicas indispensáveis para quem quer seguir esse nicho do jornalismo.

Além de fornecer todas essas orientações e responder a todas as questões do primeiro parágrafo, o autor também nos apresentam suas principais reportagens investigativas. Talvez a que tenha me chamado mais a atenção tenha sido a mais simples, mas a que de fato mostra a importância do trabalho diferenciado do jornalismo investigativo. Estou falando do primeiro capitulo do livro onde o autor nos leva para Salvador na sua primeira reportagem investigativa. O personagem da história era um cão Cocker spniel de um ano de idade.

O caso começou quando os moradores de um prédio em Nazaré, bairro de classe média baixa de Salvador levaram para redação da Tribuna, um abaixo-assinado contra o condôminio do nono andar , um fiscal a prefeitura que mantinha um cachorro histérico dentro do apartamento que latia dia e noite. Os moradores estavam indignados com o barulho e o dono do cão ignorava os apelos dos vizinhos.
Foi assim que o caso chegou às mãos do Leandro Fortes naquela época repórter estagiário e ali começava sua primeira reportagem investigativa; saber por que o cachorro do fiscal latia tanto.

Ao chegar ao condomínio nem o fiscal nem a família dele estavam em casa. E quem recebeu o repórter e o fotografo foi a empregada que não queria de jeito nenhum que os dois entrassem no apartamento. Após vinte minutos de conversa mole que os dois conseguiram convencê-la. E depois de subir as escadas eles depararam com o cão amarrado ao encanamento metálico de um tanque de lavar roupa. Sheik era esse o nome do cão. Criado solto em um sítio, não conhecia as regras do cativeiro e, a cada volta que dava em torno de si, distanciava-se mais e mais das vasilhas de água e comida. Daí a justificativa porque o bicho latia e gania feito um lobo, estava com fome e sede. Coitado do Sheik de cachorro histérico passou a ser a vitima.

De acordo com os dados deste livro acredito que o jornalismo investigativo não é só tratar de uma investigação complexa onde envolve desvio de verbas públicas, crimes ambientais, prostituição de menores, ou a ação dos traficantes nos morros das grandes cidades do nosso país. Mas também de tratar de simples investigações que ajudar a melhorar a sociedade de forma em geral. Passando pelos fatos pitorescos aos mais complicados.

E com essas ações do jornalismo que vejo a responsabilidade de nossa profissão diante a sociedade. Uma simples missão do repórter livrou o cão da morte e os moradores do condomínio da barulhada. Uma frase do jornalista Alberto Dines descrita nesse mesmo livro define o que quero dizer: "Antes de dormir, pergunte a você mesmo se naquele dia ajudou a humanidade".
(1) Disponível em: Acesso em: 30 jul. 2009.

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