quinta-feira, 30 de julho de 2009

As diferenças e inovações do jornalismo cultural

PIZA, Daniel. Jornalismo Cultural: Capítulo III Contraclichê. 2 ed.São Paulo: Contexto, 2004

Daniel Piza começou a carreira de jornalista no jornal o Estado de S.Paulo, como repórter do Caderno 2 e editor assistente da Ilustrada. Foi editor do fim de semana da Gazeta Mercantil e retornou ao Estadão em 200, como editor-executivo e colunista cultural.
Colabora com a revista Continente Multicultural, e é comentarista do canal Globo News e da rádio Eldorado. Traduziu oito livros, de autores como Herman Melville e Henry James, e organizou seis outros, nas áreas de jornalismo cultural e literatura brasileira. Publicou 14 livros, quatro ensaios, um volume de aforismos, quatro coletâneas, um romance juvenil, um infantil, dois perfis e a biografia de Machado de Assis. Além de ter escrito os roteiros dos documentários São Paulo - Retratos do Mundo e Um Paraíso Perdido - Amazônia de Euclides.
No capítulo III Contraclichê, do livro Jornalismo Cultural, Piza explica a questão dacrítica. A falta de exercer o papel de jornalista e só fazer elogios, sem citar o lado negativo pelo simples medo de comprometimento.
E dá dicas para um bom texto de jornalismo cultural. De acordo com ele o texto precisa ter clareza, coerência e agilidade. Mostrar aos leitores do que a obra ou tema se trata, as informações gerais.
Afinal, o jornalista precisa saber criticar seja de forma positiva ou negativa, e não se manter calado com medo do que os autores vão pensar.
O autor ressalta quatro estilos diferentes de resenha. As impressionistas em que qualificam as obras. Aquela que analisa as características estruturais. A mais comum, que fala sobre o autor, a importância, os temas. Além daquela que prefere analisar mais o tema do que a maneira como foi colocado por meio da obra.
Para Pizza a boa resenha deve ser uma combinação de sinceridade, objetividade e preocupação com o autor e o tema. Sem esquecer de trazer algo novo que faça o leitor prender sua atenção, que provoque reflexão. Contudo, um texto que tenha conteúdo.
Os exemplos citados auxiliam na compreensão das propostas feitas pelo autor.
Piza ressalta que para ser crítico não basta falar sim ou não, se gostou ou não gostou, é preciso inovar, fundamentar a avaliação feita.
O escritor não quer considerar como jornalismo cultural as notinhas de shows, as agendas sobre espetáculos diários ou os releases de filmes, peças de teatro ou de exposições. No meu entender, ele coloca em debate idéias, sem deixar de lado a crítica aos espetáculos ou aos produtos de arte, que são uma forma de refletir sobre o mundo em que vivemos.
É imprescindível mostrar conhecimento do assunto abordado, ter uma boa formação cultural, não adianta fazer a crítica sem conhecer bem o assunto que o rodeia.
Neste capítulo Piza fala ainda sobre as colunas de opinião. Com um tom mais pessoal, o colunista pode fazer uma espécie de diário, um espaço para expor opiniões e fazer reflexões. Debater temas, levantar questões, sair do modismo, sem falar o que os demais falam. O jornalista revela ainda, os cinco atributos para ser um bom colunista, que são: sabedoria, leitura, senso de notícias, variedade e personalidade.
No item Repórter é saber, Pizza aborda a forma diferente com que o jornalista de cultura pode agir. Assim como as dificuldades existentes em instituições culturais ou na produção de um novo produto cultural. O que importa é ter domínio no assunto e criatividade na abordagem.
Falando agora sobre perfis e entrevistas, Piza diz que é na reportagem perfil que há a possibilidade de contar a vida de alguém que fez história. Além de mencionar a entrevista no estilo “pingue-pongue” em que o jornalista precisa estar preparado com as perguntas certas e atento para os gestos realizados pelo entrevistado.
O autor apresenta clara e detalhadamente dez dicas para escrever uma reportagem ou fazer uma entrevista. Dicas sobre verbos, ritmos de texto, criatividade, entre outros.
Na intitulada Enganosa “Doce Vida” o autor explica como o jornalista cultural costuma ser visto ou rotulado pelos outros como aquele que trabalha menos, o que não é a verdade. Além de ressaltar a responsabilidade em ter que dominar o tema, ter boa memória e gostar do estudo. Mas, concorda com alguns críticos quando falam sobre os excessos de agenda nos cadernos culturais.
Citando a praga do jabá, Piza aborda a diferente entre o jabá ilegal e o que não é ilegal. O jabá ilegal é quando a gravadora ou a rádio paga para que toquem a música que querem e o jabá que não é ilegal quando oferecem cortesias para o jornalista, mesmo assim o jornalista não deve aceitá-lo.
O capítulo desta obra tem por objetivo discutir a forma adequada que o jornalista cultural deve agir, expor suas opiniões e seus pontos críticos. Além de dicas para exercer a profissão da melhor maneira e o que deve ou não ser feito. Ainda revela a sua importância, que não é menor do que nenhum outro estilo jornalístico.
Por fim, concordo quando o autor diz que é preciso inovar, fazer do jornalismo cultural algo que surpreenda, que prenda o leitor. É preciso mudar o rotulo de que ser jornalista de cultura é mais fácil, porque na verdade não é. E em todos estes pontos de vista citados no capítulo o autor consegue ser muito feliz.

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