quinta-feira, 30 de julho de 2009

Estilo Magazine – O texto em Revista

“Além de visualmente mais sofisticada, outro fator a diferencia sobremaneira do jornal: o texto. Com mais tempo para extrapolações analíticas do fato, as revistas podem produzir textos mais criativos, utilizando recursos estilísticos geralmente incompatíveis com a velocidade do jornalismo diário.”
A revista é um suporte midiático informativo como outros. Pode ser segmentada, falando de assuntos específicos ou trazer variedades. As revistas semanais possuem a característica de fechar as lacunas de informação deixadas pelos demais veículos de comunicação a cerca das noticias do cotidiano.
O tempo disponível para produção da revista lhe dá a oportunidade de somar ao material já exposto por outras mídias (mais imediatas / simultâneas como rádio ou TV), pesquisas e um acompanhamento mais profundo dos acontecimentos. Busca informações sobre o antes, durante e o após, e consegue proporcionar assim, uma visão geral dos fatos. Outro ponto positivo deste suporte é a liberdade de criação que o meio oferece aos autores.
Segundo Sergio Vilas Boas (1996), as revistas exigem dos profissionais textos elegantes e sedutores. Para que o leitor seja cativado e não abandone a leitura de seu material sem chegar ao fim.
Para qualquer jornalista, experiente ou não, escrever para revista é um grande desafio pelo padrão de qualidade que este meio exige. Segundo o autor, um bom começo para chegar a um bom resultado é pensar.
“Pensar porque escrever é fazer funcionar de modo organizado a lógica do pensamento. Sem isso, dificilmente um texto mais longo alcançaria seu objetivo maior: prender a atenção do leitor do inicio ao fim.”
Superada a fase da organização dos pensamentos e das idéias é necessário buscar um rumo harmonioso e sedutor para o texto. Na correria das redações é pouco comum a elaboração de textos leves, humorados e com toques, mesmo que sutis, do autor. Isso faz com que os textos se tornem comuns, de serie como se concebidos em linhas de produção nas indústrias.
Nas revistas este tipo de carência textual deve ser suprido. Uma forma é encontrar um tom, ou seja, uma linguagem apropriada para o contexto do assunto abordando, dando ritmo a produção e a leitura.
Como sugere Humberto Werneck, redator chefe da Playboy, criar e seguir um roteiro facilita a produção. Ele também acrescenta que é fundamental gerar um bom encadeamento para o texto, ou seja, fazer boas passagens. “É preciso que o texto mesmo sinuoso, escorra sem descontinuar. Porque quando você deixa uma fissura o leitor pode escapulir.”
No momento da escolha do tom que será seguido, é necessário ter claro a abordagem e o objetivo. “Ao procurar o tom, por exemplo, não pense em humor se sua reportagem for sobre um crime que abalou a opinião publica. Seria suicídio.”
É preciso ter atenção e cuidado na escolha do tom (humor, tragédia, drama, tensão) mas, de maneira alguma ele pode ser deixado de lado nos textos para revista. A tonalidade é a característica que mais diferencia este veiculo de um jornal, por exemplo, que busca neutralidade.
Outro fator indispensável no projeto deve ser considerar os fatores geradores e agregados ao fato ou a noticia que criou a pauta. Detalhes deste tipo são considerados um bom tempero, segundo o autor.
Entender sobre o assunto abordado e ter muita informação sobre ele, além de facilitar a interpretação ajuda na elaboração da matéria. Sem conhecimento e bons argumentos o texto não ganha sustentação, e consequentemente está fardado ao fracasso. Villas boas sugere: “Construa-o com a mesma fome que o leitor lerá.”


BOAS, Sergio Vilas. Estilo magazine : o texto em revista. São Paulo: Summus, 1996

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