quinta-feira, 30 de julho de 2009

Relacionamento Assessor/Assessorado: Entre tapas e beijos



Resenha


DUARTE, Jorge. Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e prática. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2003. 5 exemplar(es)








A vida de um assessor de imprensa não depende apenas de escrever releases, conquistar espaço na mídia e manter uma boa relação com jornalistas. Vai além disto. Pode parecer banal, mas manter um relacionamento harmonioso com o assessorado é peça fundamental na sua jornada de trabalho. E é com base nesta assertiva que o jornalista Luciano Milhomem apresenta como preparar um assessor de imprensa para a delicada relação entre ele e seu assessorado. Como mesmo escreve, “Boa parte do êxito profissional e, portanto, da felicidade no trabalho depende da relação entre chefe e empregado”. (MILHOMEM, 2003, p. 314).

Os ensinamentos do jornalista fazem parte do capítulo Relacionamento Assessor/Assessorado: Entre tapas e beijos, um dos 21 capítulos agrupados com informações de vários profissionais do meio para o livro Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia: Teoria e Prática, organizado pelo jornalista e relações-públicas Jorge Duarte.

Diante desta perspectiva a assessoria de imprensa está atrelada a três vetores básicos: o assessorado (cliente que define o que tem ou não interesse em divulgar na mídia), o assessor (responsável pela divulgação) e a informação, objeto da assessoria. Os três possuem características próprias.

No relacionamento entre assessor e cliente dois aspectos devem ser considerados. Um é sobre a natureza da instituição para a qual o assessor presta serviço. A segunda diz respeito ao perfil psicológico do dirigente da instituição. Sem o total esclarecimento deles o assessor pode encontrar sérias dificuldades pela frente. Privilegiar as ações da instituição pode ser um risco se quem estiver como gestor tiver ambições elevadas ou ser autoritário. Da mesma forma deixar de lado o papel do dirigente de uma instituição é um grave erro do assessor.

Sendo assim, quem deve aparecer mais na mídia e como? Segundo Milhomem (2003, p. 317) “a rigor, a instituição deveria estar sempre em primeiro lugar. O líder só deveria aparecer em conseqüência do êxito obtido pela instituição, o qual depende de todo o corpo de funcionários. No entanto, como já se sabe o líder é peça fundamental para o sucesso dos empreendimentos”. Neste caso é preciso habilidade e muita tática para identificar o que é melhor no momento, sem alterar a imagem do cliente.

Da mesma maneira que existem assessorados distintos também há assessores de diferentes perfis. Uns são agressivos, outros mais discretos. Outros ainda ocasionais ou cotidianos. O mais comum é que esses perfis batam com o do assessorado. É comum que eles entendam pouco de imprensa e cabe ao assessor definir como agir. “Um assessor, portanto, possui também o poder de conduzir os rumos de uma instituição ou de um cliente em particular”. (MILHOMEM, 2003, p. 319).

Toda notícia é uma informação, mas nem toda informação é uma noticia. A matéria-prima de um jornalista é a informação. Nem sempre, porém, uma informação pode converte-se em noticia. Eis ai a importância do assessor de imprensa: identificar a informação com potencial para despertar o interesse da mídia.

E é nesta seleção do que é noticia que surge outro perigo: na vontade de fazer com que tudo vá para a imprensa o assessorado acha que todas as coisas da instituição merecem destaque. Nessas horas vale a experiência do assessor: mostrar que o cliente está equivocado, mesmo que “por vaidade ou ignorância, o cliente atropele seu assessor de imprensa, ou impeça a fazer algo contrário aos princípios do bom jornalismo”. (MILHOMEM, 2003, p. 321).

A presença de assessorias de comunicação nas mais diversas instituições traz um bom sinal em toda esta história. Antes não havia, ou era pouca, a preocupação em contratar alguém especializado para executar tais atividades. A alternativa era deixar esta responsabilidade a cargo de qualquer funcionário.

Por sorte está mudando. Os veículos de comunicação procuram por alguém familiarizado com as especialidades da imprensa: deadline, noticiabilidade, transparência. Como diz MILHOMEM (2003, p. 322) “da mesma forma que a chamada grande imprensa evita a improvisação nas redações, ela também evita assessores improvisados”.

A tensão nas relações entre assessor e assessorado se intensificam durante as crises. Nesta situação, fatores como precipitação e arrogância costumam ser os piores inimigos de ambos os lados. MILHOMEM (2003, p. 323) salienta que “uma relação de confiança entre assessorado e assessor ajuda muito em momentos de crise”.

Em horas como essa, o assessor deve estar preparado para as suscetibilidades do cliente. Há momentos em que eles descontam em seu assessor as frustrações de um projeto que não deu certo. O profissional precisa identificar se a rispidez do chefe é praxe durante a crise ou pessoal. Caso seja a segunda opção, este tipo de ofensa é inadmissível. “Ferem a dignidade do assessor como profissional e como pessoa”, afirma MILHOMEM (2003, p. 323).

Dado um relacionamento franco entre assessor e assessorado vale relembrar as qualidades de um bom profissional: escrever bons releases, conquistar espaço na mídia e manter uma boa relação com jornalista. Se uma delas falhar o trabalho estará comprometido, pois todas andam de braços dados. E infelizmente esta fraqueza ocorre com freqüência na vida de assessores, que conseqüentemente não realizam um serviço completo nas instituições. Portanto há um longo caminho a ser seguido na atividade de assessoria de imprensa, onde profissionais necessitam estar mais preparados para desempenhar estas funções.

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