quinta-feira, 30 de julho de 2009

O cidadão como público do jornalista

Resenha Artigo: Para quem escrevem os jornalistas?
Autor: Rita Correia (2008)

Em seu artigo “Para quem escrevem os jornalistas”, Rita Correia (2008) faz uma análise do público alvo dos jornalistas. Em um breve texto, Correia explora os possíveis públicos para os quais o jornalista direciona suas notícias.
É função do jornalista relatar os fatos com veracidade e interpretá-los da maneira mais honesta e imparcial possível. Os fatos devem ser apurados e, aos olhos do público deve ficar claro o que é notícia e o que é opinião. Fred Inglis (1993 apud CORREIA, 2008), define público como audiência.
Um dos tópicos levantados pela autora do artigo trata que os jornalistas escrevem para a audiência. Ela considera que, com o direcionamento financeiro dos veículos de comunicação, o público (leitores, espectadores) passaram a ser vistos como clientes. É notável que alguns jornalistas escrevem para clientes, como se estes pudessem comprar suas informações.
Da mesma maneira, Correia considera que os líderes de opinião são de extrema importância para os jornalistas e que são eles a quem querem “agradar”. Acredito, como diz a autora, que esses jornalistas querem o reconhecimento de políticos, lideranças econômicas e líderes de opinião. Por outro lado, há quem escreva para outros jornalistas, colegas de profissão. São deles que vêm as maiores críticas a respeito de suas matérias.
Na busca por melhores colocações profissionais, jornalistas direcionam suas matérias para outros jornais. É necessário dizer que os jornalistas se baseiam em hipóteses de que outros jornais explorarão a notícia da mesma forma, numa espécie de competição.

“A situação de competição entre os meios de comunicação de massas, conduz a que todos queiram chegar primeiro com uma notícia, compitam na obtenção de exclusivos ou inventem novas rubricas e esta competição, inevitavelmente, reflete-se na escrita jornalística.”

Jornalista é empregado, tem patrão, faz parte de um quadro de funcionários e, como tal, deve seguir as normas e regras da organização da qual faz parte. “...a produção jornalística é muito condicionada e motivada pelos patrões”, menciona Correia. São os patrões que selecionam, contratam e despedem profissionais. Então é absoluta e completamente aceitável que o jornalista produza de acordo com as ordens recebidas. Será?
Da mesma forma, os jornalistas ficam de mãos atadas. Cada veículo tem suas normas, seus códigos de ética. E, mesmo não concordando, para se manter no trabalho, sujeitam-se às ordens nem sempre razoáveis de seus empregadores.
Há os jornalistas que escrevem para suas fontes – essenciais para o desenvolvimento do seu trabalho. Segundo a autora, há duas formas de se escrever para as fontes: direta ou indiretamente. “De forma indireta, os jornalistas escrevem para as fontes sempre que divulgam uma informação por elas fornecidas”. Ou, de forma direta, quando se deixam influenciar pelo que suas fontes disseram.
Kovach (2004 apud CORREIA, 2008), esclarece uma maneira de o jornalista escrever / produzir para os anunciantes de seu veículo.

“a cobertura de promoções comerciais dos grandes patrocinadores sob a forma de eventos públicos em direto, utilizando por vezes jornalistas ou apresentadores conhecidos da metereologia ou do desporto. [...] a primeira entrevista deve ser com um anunciante.”

Outros escrevem para si próprios; caso dos jornalistas que não conhecem seu público.
E, por fim, os cidadãos. Ultimamente vemos portais de notícias sem o mínimo de informação pertinente e interessante. Vemos uma gama de notas desnecessárias ao nosso cotidiano. Escrever para o cidadão deveria ser primordial. Acredito que este deveria ser o objetivo de todos os profissionais e veículos de comunicação. Ora, se somos responsáveis por levar a informação à sociedade, relatando os fatos que interessam ao público, não deveria ser prioridade o cidadão?
Não sei até que ponto é ético enaltecer as vontades dos patrões, visto que a função do jornalista fica um tanto distorcida. Mas entendo que todos precisam trabalhar e ficam a mercê de situações onde escrevem o que não querem para quem não interessa. Os cidadãos têm o direito de cobrar melhores profissionais, melhores informações. Assim, quem sabe, os jornalistas passem realmente a escrever para o cidadão.

Referência
CORREIA, Rita. Para quem escrevem os jornalistas. Disponível em Acesso em: 26 jul 2009.

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