quinta-feira, 30 de julho de 2009

Entre um bom repórter e um bom assessor

Resenha do Capítulo 2 do livro "Assessoria de Imprensa: como se relacionar com a mídia" de Maristela Mafei
No segundo capítulo do livro “Assessoria de Imprensa: Como se relacionar com a mídia”, Maristela Mafei trata das qualidades que um assessor de imprensa precisa ter e de como ele deve conquistar a confiança da imprensa.
Segundo a autora, um bom assessor de imprensa tem muito de um bom repórter. Ele deve ter faro de repórter para apurar as informações de seu cliente, buscar dados que compõem a notícia e buscar fontes confiáveis tanto dentro como fora da organização. Na hora da divulgação ele tem a obrigação de ajudar seu assessorado a identificar se a informação que ele pretende liberar é ou não de interesse público e, consequentemente se há ou não a possibilidade de virar notícia.
“Um bom assessor de imprensa é aquele que reconhece os limites éticos de sua atuação e não os ultrapassa. Não mente, não engana, não ameaça, não oferece vantagens a jornalistas em troca da inserção de reportagem positiva sobre seu cliente”. (MAFEI, 2007)
Quando um jornalista recebe de um assessor uma opção de pauta enganadora, ele imediatamente tende a considerar todas as sugestões deste cliente como não confiáveis. E além do mais, o jornalista pode interpretar que este cliente não o considera um bom profissional, e que é incapaz de julgar uma boa pauta.
Também existe o contrário nesta situação, quando os jornalistas não estão habilitados, por algum motivo, para identificar a validade de uma pauta e acabam tornando-se porta-vozes de instituições. O pior nesta situação é quando os dados divulgados não estão exatos ou, incorretos.
Atualmente, o assessor de imprensa tem não apenas que garantir que informações sobre seu cliente sejam publicadas pela imprensa, mas deve ser um gestor estratégico. Faz parte deste papel ter em mãos bons planos de gerenciamento de crise e garantir que eles sejam postos em prática da maneira e no momento certos para que sua organização saia desta crise com a imagem o menos arranhada possível. Para isto, é responsável por criar e manter uma rede de relacionamentos sustentáveis que garantirão a sobrevivência da imagem da organização em momentos de crise.
Muitas vezes, assessores e imprensa estão de lados completamente opostos, o que é considerado como interesse público para um não o é para o outro. O assessor tem que ter claro na sua mente que ele defende o interesse de seu cliente e não o dos jornalistas. Por isso ele tem que saber levar esta situação de forma racional. E entender até onde o interesse público se sobrepõe ao interesse de seu assessorado.
Quando a situação é a inversa é mais fácil, jornalistas e assessores têm objetivos em comum, os assessores trabalham para intensificar o fluxo de informações entre os meios de comunicações e a sociedade e com isso podem facilitar o acesso dos jornalistas às fontes. Se a regra deste relacionamento for o profissionalismo embalado pela ética não é preciso ter medo deste relacionamento, já que, ao fim de tudo quem sai beneficiado é o público que cada vez mais busca informações sobre as instituições com as quais se relaciona.
O que vem por aí é um novo modelo de comunicação, o que o pesquisador Bernard Miége chama de “relações públicas generalizadas”. Onde a partir de 1970 instituições sociais de todo tipo buscam a adesão aos seus interesses. Não tratando apenas disso, mas de ativar mudanças sociais e culturais para toda sociedade. Exemplo disso é que atualmente muitas instituições apostam em assessores de comunicação para gerenciar seu relacionamento com o público o que até anos atrás era raro.
Cada vez mais perde o sentido a briga entre assessores de imprensa e jornalistas de redação. É preciso reconhecer um aliado e não um adversário quando um olha para o outro. Entretanto, para que isso aconteça, assessores devem aprender a lidar e a respeitar os prazos, os interesses e as obrigações que um jornalista tem que cumprir. Assim como o jornalista deve reconhecer a importância das informações liberadas pelos assessores. Em tempos como esses, em que a comunicação gere a vida da sociedade, assessores e jornalistas devem aprender a conviver, mais do que isso, devem aprender a trabalhar um com o outro, cada qual defendendo seu lado e seus interesses, mas, respeitando o outro.



Referência
MAFEI, Maristela. Entre um bom repórter e um bom assessor. In: MAFEI, Maristela. Assessoria de Imprensa: como se relacionar com a mídia. 3 ed. São Paulo: Contexto, 2007. p. 25-30.

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